A China: após o fim da Guerra Civil, a constituição formal da República Popular da China de Mao Tsé‑tung ocorreu em 1949. Pouco tempo depois, na Ásia do Sudeste, o choque entre os interesses chineses e norte-americanos leva à internacionalização da Guerra da Coreia (mas já aí, e apesar do elevado número de baixas, a contenção funcionou, mantendo‑se a Guerra da Coreia como uma guerra de proporções regionais). A China de Mao Tsé-tung encetou seguidamente a “Revolução Cultural” que acabou por morrer com o seu criador em 1976. A partir daí solidificou-se o caminho chinês (já iniciado, embora provavelmente de forma inconsciente, com o comunicado sino‑americano de Xangai - 1972, marco da conjunção de interesses entre China e EUA face ao gigante soviético) na direcção de um modelo pragmático de incorporação do “mercado” no socialismo, constituindo-se, na actualidade, como um actor inultrapassável numa reflexão sobre a evolução do mundo no século XXI.
O petróleo: é inegável que o “ouro negro” tem feito jus à comparação com o metal precioso. Em 1973, a concertação no que toca à limitação da produção e à subida (para o dobro) do preço do barril (com base na critica ao expansionismo de Israel e às regras do comércio internacional) protagonizada pela OPEP levou a uma crise económica de grande significado na economia das potências Ocidentais (com a dos EUA à cabeça). Mas já antes (1970), os EUA tinham atingido o máximo da sua produção de petróleo (peak oil), o que é classificado por alguns autores[1] como o acontecimento económico mais importante dos últimos cinquenta anos: estava para acabar a supremacia norte‑americana (obtida através da produção em solo dos EUA) sobre o mercado internacional do petróleo – o que ficou dramaticamente claro, como já referi, três anos mais tarde. Mas o petróleo também foi usado com mestria pelos EUA (sobretudo por Reagan a partir de 1981) durante a “corrida ao armamento”, não só tentando negar aos soviéticos o acesso a alguns equipamentos importantes para a exploração petrolífera como, sobretudo, apoiando conflitos regionais desgastantes para a URSS (ex.: Afeganistão) e incentivando a Arábia Saudita a vender petróleo (muito e barato) de forma a dificultar o financiamento por parte da URSS, via receitas petrolíferas, da corrida ao armamento. Finalmente, em 1987 (pouco antes da brutal queda da economia soviética que antecedeu o desmantelar do império), a URSS atingiu o seu peak oil. E hoje o petróleo volta a estar no centro das atenções, não só devido às especulações sobre as razões da intervenção dos EUA no Iraque mas também em consequência do crescente consenso relativamente ao facto da verdadeira questão sobre o peak oil global ser “quando vai ter lugar?” e não “será que vai acontecer?”.
A China e o petróleo: é quase de senso comum a consideração da China, um país que não produz petróleo, como uma certeza do novo século em termos de desenvolvimento económico e potencial estratégico; é também senso comum que o alcançar do peak oil global dificilmente deixará de comportar graves consequências ao nível económico e social - bastando para tal pensar na dependência industrial relativamente ao crude; menos comum será pensar que as elevadas taxas de crescimento económico e de urbanização/industrialização que têm ocorrido na China podem revelar-se insustentáveis com o barril de petróleo, por exemplo, a custar 80 dólares. E aí, porque não, a própria solidez do imaginativo modelo chinês pode ser posta em causa com graves consequências não só para a China mas também, como facilmente se compreenderá, para a economia global.
O petróleo: é inegável que o “ouro negro” tem feito jus à comparação com o metal precioso. Em 1973, a concertação no que toca à limitação da produção e à subida (para o dobro) do preço do barril (com base na critica ao expansionismo de Israel e às regras do comércio internacional) protagonizada pela OPEP levou a uma crise económica de grande significado na economia das potências Ocidentais (com a dos EUA à cabeça). Mas já antes (1970), os EUA tinham atingido o máximo da sua produção de petróleo (peak oil), o que é classificado por alguns autores[1] como o acontecimento económico mais importante dos últimos cinquenta anos: estava para acabar a supremacia norte‑americana (obtida através da produção em solo dos EUA) sobre o mercado internacional do petróleo – o que ficou dramaticamente claro, como já referi, três anos mais tarde. Mas o petróleo também foi usado com mestria pelos EUA (sobretudo por Reagan a partir de 1981) durante a “corrida ao armamento”, não só tentando negar aos soviéticos o acesso a alguns equipamentos importantes para a exploração petrolífera como, sobretudo, apoiando conflitos regionais desgastantes para a URSS (ex.: Afeganistão) e incentivando a Arábia Saudita a vender petróleo (muito e barato) de forma a dificultar o financiamento por parte da URSS, via receitas petrolíferas, da corrida ao armamento. Finalmente, em 1987 (pouco antes da brutal queda da economia soviética que antecedeu o desmantelar do império), a URSS atingiu o seu peak oil. E hoje o petróleo volta a estar no centro das atenções, não só devido às especulações sobre as razões da intervenção dos EUA no Iraque mas também em consequência do crescente consenso relativamente ao facto da verdadeira questão sobre o peak oil global ser “quando vai ter lugar?” e não “será que vai acontecer?”.
A China e o petróleo: é quase de senso comum a consideração da China, um país que não produz petróleo, como uma certeza do novo século em termos de desenvolvimento económico e potencial estratégico; é também senso comum que o alcançar do peak oil global dificilmente deixará de comportar graves consequências ao nível económico e social - bastando para tal pensar na dependência industrial relativamente ao crude; menos comum será pensar que as elevadas taxas de crescimento económico e de urbanização/industrialização que têm ocorrido na China podem revelar-se insustentáveis com o barril de petróleo, por exemplo, a custar 80 dólares. E aí, porque não, a própria solidez do imaginativo modelo chinês pode ser posta em causa com graves consequências não só para a China mas também, como facilmente se compreenderá, para a economia global.
[1] Ver, por exemplo, HEINBERG, Richard – Smoking Gun: The CIA’s Interest in Peak Oil. In CAMPBELL, C.J.; HILL, Staball, comp. – “ASPO Newsletter No 33 – September 2003”, pp.7-8 (disponível em http://www.cge.uevora.pt/energia/Newsletter33.doc).