sexta-feira, março 21, 2014

Acelerar e Desacelerar

Tenho duas filhas pequenas que me iluminam os dias. Crescem rápido e a sua capacidade de aprendizagem parece infinita. Ao vê-las, sinto, por vezes, que alguém acelerou a imagem, como naqueles pedaços de filmes em que é usado o efeito avanço rápido (fast forward), permitindo que o movimento invisível (de uma árvore ou de uma paisagem, frequentemente associado ao passar das estações do ano) se torne visível.Muitas vezes temos que desacelerar para ver, para reparar. Este exemplo mostra que, em algumas ocasiões, também temos que acelerar para ver. Nesta perspectiva, o tempo individual é, acima de tudo, ritmo, cuja cadência ganha significado pela alternância entre aceleração e desaceleração e pelo que reparamos em cada momento (“reparamos” no duplo sentido de “ver” e de “agir”). Trata-se de adequar o ritmo e a acção/decisão aos acontecimentos, conscientes do carácter fractal destas diferenças. Cada acontecimento-encontro tem um ritmo e um tempo próprios. Uma aceleração-precipitação desapropriada (fruto, por exemplo, da ansiedade, da necessidade de preencher um vazio percepcionado) e “o mal está feito”. Uma desaceleração-espera apática e a oportunidade esfuma-se. É por estas (e por outras) que a Gestão e a maneira como tomamos decisões são formas apaixonantes de “artesanato”.