sexta-feira, setembro 05, 2014
O PIB e a tartaruga
O PIB – Produto Interno Bruto é a “pop star” dos indicadores económicos. Amado por muitos, temido por outros tantos, todos já ouviram falar dele e, no fundo, no fundo, sabem que não o podem ignorar.
Todos sabemos que o PIB não é perfeito mas, não obstante a procura de alternativas (em Portugal, ver, por exemplo, o Índice de Bem-Estar do INE), o crescimento do PIB continua a ser a grande ambição da política pública, o critério central que, apesar das suas limitações, “habita” a cabeça dos decisores e molda as suas decisões. Não é o único critério, claro. Sustentabilidade ambiental, emprego, saúde, equidade na distribuição de riqueza, entre outros, também entram na equação. Mas o PIB é o PIB. A evolução deste indicador sustenta ou derruba governos, cria ou destrói o sentimento de otimismo face ao futuro, permite ou dificulta a facilidade de crédito internacional do Estado.
Mas o que é, afinal, o PIB? O PIB representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos num espaço geográfico definido, durante um determinado período (o mais comum é o ano).
E como tem sido a sua evolução em Portugal? Olhemos apenas para o século XXI. Em resumo, podemos dizer que a evolução do PIB foi… muito má. Isto equivale, em números, a um PIB que passou de 152,2 mil milhões de Euros em 2000 para 153,5 mil milhões em 2013 (valor preliminar; PIB a preços de 2006), o que corresponde a uma Taxa Composta de Crescimento Anual de 0.1%. Ou seja, na prática, e olhando de forma estrita para o PIB, quase que poderíamos dizer que “estamos na mesma”. Só que a coisa não é bem assim. Primeiro, a estabilidade económica “exige” (pelo menos por enquanto) crescimento económico. Crescer menos de 1% ao ano é dificilmente sustentável a longo prazo, sendo insuficiente para melhorar significativamente as taxas de emprego. Segundo, a referida taxa esconde anos particularmente complicados, como 2003, bem como o período mais difícil de todos que se tem vindo a prolongar, quase ininterruptamente, desde 2008. Terceiro, o desempenho económico de Portugal foi significativamente inferior à média da UE, sendo que a própria UE teve uma performance económica muito aquém quer dos grandes asiáticos emergentes quer, por exemplo, dos EUA. Ou seja, estamos a perder uma corrida contra uma tartaruga idosa e já bastante cansada (e não contra um carro de corrida).
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