sexta-feira, março 03, 2006

Viseu: Visão e níveis de acção


As regiões enfrentam hoje grandes desafios num mundo crescentemente competitivo (também ao nível regional). Esses desafios, externos e internos, já não podem (nem devem) ser respondidos apenas pelos poderes públicos mas sim numa lógica de estreita colaboração entre actores públicos, privados e associativos, co-responsabilizando-os pelo atingir (ou não) de objectivos partilhados.
Neste contexto, o primeiro grande desafio de uma região é a criação de uma Visão integradora que permita aos múltiplos actores, aquando da persecução dos seus objectivos próprios, terem presente a natureza distinta de um projecto colectivo de índole regional. Qual é o nosso projecto colectivo? O que quer Viseu ser daqui a 10 anos?
A partir daí, é não só essencial transformar essa Visão em projectos específicos que lhe dêem corpo como também usá-la como estrutura analítica de referência na avaliação de iniciativas e projectos (especialmente no que toca aos projectos de iniciativa/coordenação pública).
Por outro lado, uma região, visando afirmar a sua identidade e desenvolver-se, enfrenta basicamente três níveis de acção:
Um primeiro nível relacionado com o contexto longínquo que se reflecte, no entanto, na acção e na ambição da região. Neste nível situam-se incertezas externas como a importância dada a Portugal por parte de grandes empresas multinacionais, a dimensão de uma possível pandemia de gripe das aves ou a evolução do preço do petróleo nos mercados internacionais e o desenvolvimento de alternativas energéticas. Este tipo de incertezas devem ser acompanhadas pela região, devendo ser-lhes prestada muita atenção, de forma a evitar surpresas desagradáveis, a minorar choques negativos e a aproveitar oportunidades.
Um segundo nível, ligado ao contexto próximo da região, que inclui processos de negociação e influência de grande exigência para os actores locais. Exemplos de incertezas que se situam neste nível: enquadramento da região de Viseu face ao próximo Quadro Comunitário de Apoio; evolução do processo de regionalização; futuro de actores regionais (exemplos: Grupo Visabeira; Instituto Politécnico de Viseu) e sectores estruturantes.
Finalmente, um terceiro nível de coordenação, selecção e decisão, relacionado com os processos sobre os quais os actores da região possuem um controlo significativo. Entre esses processos encontram-se um conjunto alargado de opções no que toca, por exemplo, à mobilidade e à logística, aos recursos humanos, às actividades económicas, ao ambiente e ao território.
É da interligação destes três níveis (qualquer um deles essencial para a gestão do futuro de uma região) e do seu enquadramento numa Visão estratégica mobilizadora que se pode afirmar uma Política Regional efectiva no século XXI.

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