É uma evidência que a aferição do poder dos actores estratégicos internacionais não pode ser realizada sem ter em conta, em cada caso concreto, o atrito do meio (de natureza moral e/ou material) que “actua” sobre os potenciais mássico (quantidade de efectivos militares, por exemplo) e dinâmico (forças morais ou intangíveis). A natureza moral desse “atrito” é, na minha perspectiva, particularmente relevante para a situação internacional que se vive presentemente em relação ao Iraque, bastando olhar para a argumentação das partes para tomar consciência dessa importância.
De facto, argumentos como a protecção dos direitos humanos, a democracia, o respeito pela “legitimidade internacional”, etc., são utilizados amiúde com o claro objectivo de “conquistar”, através de uma certa ideia de “moralidade internacional”, a opinião pública global (e, necessariamente, nacional). As múltiplas iniciativas, a nível mundial, da chamada “sociedade civil”, regra geral contrárias à intervenção dos EUA no Iraque se realizada sem o aval da Organização das Nações Unidas (ONU), são componentes (inconscientes ou não) da referida competição. Intimamente ligada à questão do poder mediático, parece-me ser com esta contextualização que melhor se perceberá a perseverança dos EUA em alcançar um aval do Conselho de Segurança da ONU no que concerne a uma intervenção militar no Iraque.
Nesta linha de raciocínio, o poder mediático surge, na actualidade (pelo menos no que comporta de “necessidade de aparência”), ligado “em rede” à defesa de alguns “valores” tidos como fundamentais e reflectidos numa aproximação a um código de conduta nas relações internacionais (ou, pelo menos, na componente “mais exposta” dessas relações). É assim (e apenas assim) que se poderá entender o “show-off da apresentação de provas”, em directo para todo o mundo, a partir da sede da ONU, por Collin Powell e o constante jogo de palavras (a nível global, nacional e local) entre partidários ou oposicionistas a uma nova intervenção militar liderada pelos EUA no Iraque. É esta dialéctica simplista que tudo “consome” que urge, apesar das dificuldades, evitar, analisando com tanto afastamento quanto possível as forças em jogo no conturbado palco das relações internacionais contemporâneas. Não deixa de ser curioso notar, contudo, que esta percepção da dificuldade de discernimento no seio de uma miríade de informações muitas vezes contraditórias e inconsequentes, constitui claro sintoma do peso do referido “poder mediático”, assente em algo que eu me atreveria a classificar como “ânsia consumista de guerra” (no seu advento, execução e rescaldo), poder a corporizar (pelas partes desavindas) em reacções de apoio ou rejeição de princípio, bases de sustentação primária amplamente consolidadas, quer uma quer outra, por um dilúvio de argumentos disponíveis, perdoem-me a liberdade discursiva, no “mercado informacional”. Nesta óptica, é de salientar associação da ONU a uma certa ideia de “legitimidade internacional” (subtil mas poderosa em termos mediáticos). Daqui decorre, como já foi referido, o grande esforço (optimizado pela ameaça do unilateralismo) que os EUA têm realizado para tentar obter uma mais clara resolução do Conselho de Segurança da ONU (que lhes permita alcançar, entre outros dividendos, uma maior liberdade de acção) relativa à necessidade de travar o Iraque e aos meios passíveis de serem utilizados para tal.
Por tudo isto (e não só) tenho tendência a responder à pergunta inicial com outras interrogações: a favor ou contra o quê? Importa-se de me explicar?
De facto, argumentos como a protecção dos direitos humanos, a democracia, o respeito pela “legitimidade internacional”, etc., são utilizados amiúde com o claro objectivo de “conquistar”, através de uma certa ideia de “moralidade internacional”, a opinião pública global (e, necessariamente, nacional). As múltiplas iniciativas, a nível mundial, da chamada “sociedade civil”, regra geral contrárias à intervenção dos EUA no Iraque se realizada sem o aval da Organização das Nações Unidas (ONU), são componentes (inconscientes ou não) da referida competição. Intimamente ligada à questão do poder mediático, parece-me ser com esta contextualização que melhor se perceberá a perseverança dos EUA em alcançar um aval do Conselho de Segurança da ONU no que concerne a uma intervenção militar no Iraque.
Nesta linha de raciocínio, o poder mediático surge, na actualidade (pelo menos no que comporta de “necessidade de aparência”), ligado “em rede” à defesa de alguns “valores” tidos como fundamentais e reflectidos numa aproximação a um código de conduta nas relações internacionais (ou, pelo menos, na componente “mais exposta” dessas relações). É assim (e apenas assim) que se poderá entender o “show-off da apresentação de provas”, em directo para todo o mundo, a partir da sede da ONU, por Collin Powell e o constante jogo de palavras (a nível global, nacional e local) entre partidários ou oposicionistas a uma nova intervenção militar liderada pelos EUA no Iraque. É esta dialéctica simplista que tudo “consome” que urge, apesar das dificuldades, evitar, analisando com tanto afastamento quanto possível as forças em jogo no conturbado palco das relações internacionais contemporâneas. Não deixa de ser curioso notar, contudo, que esta percepção da dificuldade de discernimento no seio de uma miríade de informações muitas vezes contraditórias e inconsequentes, constitui claro sintoma do peso do referido “poder mediático”, assente em algo que eu me atreveria a classificar como “ânsia consumista de guerra” (no seu advento, execução e rescaldo), poder a corporizar (pelas partes desavindas) em reacções de apoio ou rejeição de princípio, bases de sustentação primária amplamente consolidadas, quer uma quer outra, por um dilúvio de argumentos disponíveis, perdoem-me a liberdade discursiva, no “mercado informacional”. Nesta óptica, é de salientar associação da ONU a uma certa ideia de “legitimidade internacional” (subtil mas poderosa em termos mediáticos). Daqui decorre, como já foi referido, o grande esforço (optimizado pela ameaça do unilateralismo) que os EUA têm realizado para tentar obter uma mais clara resolução do Conselho de Segurança da ONU (que lhes permita alcançar, entre outros dividendos, uma maior liberdade de acção) relativa à necessidade de travar o Iraque e aos meios passíveis de serem utilizados para tal.
Por tudo isto (e não só) tenho tendência a responder à pergunta inicial com outras interrogações: a favor ou contra o quê? Importa-se de me explicar?
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