Acho deveras interessante a forma normalmente leve e casuística com que se aborda e “navega” no conjunto interminável de fenómenos e conceitos à volta deste “ser imaginário” chamado globalização.
Um amigo dizia-me, há dias, que a globalização pode ser muita coisa (novas tecnologias, mundialização das empresas, surgimento de novos actores e economias concorrentes a nível global, etc, etc.) mas que, para ele, ela é, no limite, a criação de uma enorme pool de poupanças à procura do melhor investimento a nível global. Eu não podia estar mais de acordo.
Confesso-me um pouco cansado da sucessiva politização do fenómeno. É a ideia da “má globalização”, aproximação a uma teoria da conspiração (viram o Matrix?) que parece acreditar que, algures do outro lado do Atlântico estão um conjunto de senhores vestidos de negro a jogar, a seu belo prazer, uma espécie de monopólio da globalização. Parece, às vezes, que vivemos todos na inconsciência de que somos explorados por um punhado de espertalhões que mais não querem que nadar, à tio Patinhas, num cofre cheio de dinheiro (obtido, inapelavelmente, por vias travessas, claro está) e, obviamente, despedir pessoas (de preferência muitas, milhares se possível). A globalização é, assim, uma “coisa” (quase um objecto de arremesso) acentuadamente má, que aumenta a pobreza, enriquece os ricos, mata as crianças de fome, cria guerras injustas, provoca desastres ambientais e, claro, despede pessoas, trabalhadores (aos milhares). Pergunto a mim próprio se, eventualmente, não será o próprio Homem o causador de alguns destes problemas. Porquê atribuí-los, então, ao “bicho papão” a que se chama globalização?
Como já devem ter adivinhado não acredito numa má (nem numa boa, diga-se de passagem) globalização. Ela é constituída, na minha perspectiva, por um conjunto de fenómenos que marcam fortemente a sociedade contemporânea (paralelamente à regionalização e à fragmentação geopolítica, por exemplo), comportando inúmeras potencialidades, positivas e negativas, a prazos variados. Assim, quando se tentam encaixar interpretações ideológicas numa realidade complexa, ensaiando simplificá‑la e interpretando-a à luz de conceitos frequentemente do passado, o resultado é, normalmente, de fraco alcance.
É que, pasme-se, a globalização (mesmo a sua definição mais “neo-liberal” e redutora que se possa imaginar) também tem facetas muito positivas e, pasme-se ainda mais, estabilizadoras do mundo em que vivemos. Duas perguntas que servem de exemplos: (1) alguém conscientemente duvida que o massivo Investimento Directo Estrangeiro na Índia (fundamentalmente nas indústrias do software e das tecnologias de informação) – que tornou este país fortemente dependente do Mundo e o Mundo dele – teve um papel apaziguador do conflito Indo-Paquistanês (duas potências nucleares) relativamente à região de Caxemira? (2) alguém conscientemente duvida que o capital estrangeiro presente em Taiwan e a progressiva abertura da China à economia mundial (com, por exemplo, a respectiva entrada na Organização Mundial do Comércio) são indissociáveis do controlo do estado de “tensão” em que se encontram, há vários anos, as complicadas relações entre estes dois actores?
Estes e outros exemplos levam-me atrevidamente a pensar que, se calhar, a globalização também tem algo de “bom”, pela interconectividade que comporta, pela estabilidade que (também) provoca.
Um amigo dizia-me, há dias, que a globalização pode ser muita coisa (novas tecnologias, mundialização das empresas, surgimento de novos actores e economias concorrentes a nível global, etc, etc.) mas que, para ele, ela é, no limite, a criação de uma enorme pool de poupanças à procura do melhor investimento a nível global. Eu não podia estar mais de acordo.
Confesso-me um pouco cansado da sucessiva politização do fenómeno. É a ideia da “má globalização”, aproximação a uma teoria da conspiração (viram o Matrix?) que parece acreditar que, algures do outro lado do Atlântico estão um conjunto de senhores vestidos de negro a jogar, a seu belo prazer, uma espécie de monopólio da globalização. Parece, às vezes, que vivemos todos na inconsciência de que somos explorados por um punhado de espertalhões que mais não querem que nadar, à tio Patinhas, num cofre cheio de dinheiro (obtido, inapelavelmente, por vias travessas, claro está) e, obviamente, despedir pessoas (de preferência muitas, milhares se possível). A globalização é, assim, uma “coisa” (quase um objecto de arremesso) acentuadamente má, que aumenta a pobreza, enriquece os ricos, mata as crianças de fome, cria guerras injustas, provoca desastres ambientais e, claro, despede pessoas, trabalhadores (aos milhares). Pergunto a mim próprio se, eventualmente, não será o próprio Homem o causador de alguns destes problemas. Porquê atribuí-los, então, ao “bicho papão” a que se chama globalização?
Como já devem ter adivinhado não acredito numa má (nem numa boa, diga-se de passagem) globalização. Ela é constituída, na minha perspectiva, por um conjunto de fenómenos que marcam fortemente a sociedade contemporânea (paralelamente à regionalização e à fragmentação geopolítica, por exemplo), comportando inúmeras potencialidades, positivas e negativas, a prazos variados. Assim, quando se tentam encaixar interpretações ideológicas numa realidade complexa, ensaiando simplificá‑la e interpretando-a à luz de conceitos frequentemente do passado, o resultado é, normalmente, de fraco alcance.
É que, pasme-se, a globalização (mesmo a sua definição mais “neo-liberal” e redutora que se possa imaginar) também tem facetas muito positivas e, pasme-se ainda mais, estabilizadoras do mundo em que vivemos. Duas perguntas que servem de exemplos: (1) alguém conscientemente duvida que o massivo Investimento Directo Estrangeiro na Índia (fundamentalmente nas indústrias do software e das tecnologias de informação) – que tornou este país fortemente dependente do Mundo e o Mundo dele – teve um papel apaziguador do conflito Indo-Paquistanês (duas potências nucleares) relativamente à região de Caxemira? (2) alguém conscientemente duvida que o capital estrangeiro presente em Taiwan e a progressiva abertura da China à economia mundial (com, por exemplo, a respectiva entrada na Organização Mundial do Comércio) são indissociáveis do controlo do estado de “tensão” em que se encontram, há vários anos, as complicadas relações entre estes dois actores?
Estes e outros exemplos levam-me atrevidamente a pensar que, se calhar, a globalização também tem algo de “bom”, pela interconectividade que comporta, pela estabilidade que (também) provoca.
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